martes, 17 de agosto de 2010

Montagem do argentino Marcelo Mininno traz mundo masculino aos palcos

nota de las funciones de Lote 77 en el marco del X FIT BH, por Daniel Schenker, de Jornal do Brasil
cliqueando acá, en su página original.

A valorização do universo feminino em detrimento do masculino parece inegável. Buscando suprir, em certa medida, essa discrepância, Marcelo Mininno escreveu e dirigiu Lote 77, montagem argentina em cartaz em Buenos Aires desde março de 2008 e apresentada no 10º Festival Internacional de Teatro, Palco & Rua, de Belo Horizonte (FIT-BH). Poderá ser vista, no início de setembro, na primeira edição do Mirada, festival de teatro de Santos.
– Ao longo do tempo, a sociedade mudou, mas os homens continuam sofrendo pressão para fazer jus ao comportamento que se espera deles – observa Mininno, que também surge em cena, em substituição a outro ator que não pode vir ao Brasil. – Ainda assistimos à perpetuação de algumas regras familiares arraigadas, violentas para os homens.
Em Lote 77, a reflexão sobre a identidade masculina vem à tona através de três personagens envolvidos em tarefas voltadas para a criação, seleção e classificação do gado bovino em lotes de venda.


Vulnerabilidade
– A rigidez em relação à figura masculina está mais presente no interior do que nas grandes cidades – observa Mininno, que, diferentemente dos atores (Andrés D'Adamo e Rodrigo González Garillo, ambos de Buenos Aires) com quem contracena, nasceu num povoado rural.
A montagem não surgiu na sala fechada de ensaios. A equipe visitou mercados de animais e frigoríficos de cidades do interior. Apesar da pesquisa, Marcelo Mininno escreveu o texto a partir de um processo fundado em improvisações dos atores.
– Todos os exercícios que fizemos visavam a fazer com que os atores expusessem sua própria vulnerabilidade. É um texto feito de pequenas tensões, profundas e íntimas – revela.
Mininno optou por não incluir trilha sonora – ou, mais adequado seria dizer, a trilha não é composta por música, e sim por uma partitura de ruídos sonoros.
– Queria um espaço cru, quase como carne viva – acrescenta Minnino, acerca de um trabalho que aproxima o espectador brasileiro do bom teatro argentino, representado por nomes como Daniel Veronese e companhias como a Timbre 4, conhecida pela encenação de La omisión de la família Coleman, já apresentada por aqui.
Agora, Mininno planeja manter a parceria com D'Adamo e Garillo no próximo trabalho, em concepção neste momento.

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